Bert Hellinger
entrevistado por Humberto del Pozo em Santiago de Chile. Setembro de 1999
(Trecho 1 -sobre psique familiar, consciência familiar, terapia de constelações, representantes) (1)
P-O que é a psique familiar?
R-Temos observado, ao trabalhar com
a família que seus membros são dirigidos por um principio de força em comum, e
eu chamo isto de consciência familiar. Podemos observar que um número
circunscrito de pessoas é sujeito de forças inconscientes que os levam a se
comportar de certa maneira. Por exemplo, se em uma família, um membro dela foi excluído
ou esquecido, digamos uma criança que morreu muito cedo e já não é contado
entre os irmãos, então mais tarde dentro da família, já na geração seguinte, outro
membro assume a mesma sorte desta criança. Esta pessoa então deseja morrer sem
que ninguém saiba porque.
E fazemos uma Constelação
Familiar. Isto significa que em um grupo, uma pessoa se centra em si mesma e
seleciona representantes para os membros de sua família –incluindo alguém para
si mesma- e os coloca em um espaço uns em relação aos outros, seguindo sua própria
intuição. E logo que as pessoas assumem
este lugar sentem como as pessoas que elas representam sem mesmo conhece-las. Assim,
por meio da Constelação Familiar, obtemos uma representação do que realmente está
sucedendo na família.
P-Então como é a terapia
que você faz para as condutas inconscientes que mencionou?
R-Digamos que neste exemplo, a pessoa
seleciona representantes para seu pai, mãe, seus irmãos e irmãs, e uma para si
mesma. Em seguida as posiciona no espaço e todas permanecem olhando em uma mesma.
Isto é muito estranho, assim que quando vemos sabemos imediatamente que alguém foi
esquecido ou excluído. Então repentinamente recordam: “Ah, sim! ... houve uma irmã
que nasceu com deficiência e morreu aos três meses.
Então eu seleciono uma
representante para a filha falecida e posiciono em frente aos demais. E todos
se sentem aliviados porque agora ela pode ser incluída, e outra criança que ficou
doente, por exemplo, de diabetes, tem agora probabilidades muito maiores de
enfrentar esta doença de forma positiva.
P-Tenho observado que você solicita muito pouca informação do cliente
antes de pedir que configure sua constelação familiar. Isto é suficiente, como
é possível?
R-Sim, uma vez que esta percepção
emerge com maior facilidade se perguntamos pela informação mais essencial, e se
isto é feito imediatamente antes de configurar a constelação, não antes.
As perguntas essenciais são:
1. Quem pertence á familia?
2. Há crianças falecidos durante a
gravidez ou algum que morreu cedo? Houve alguém com um destino difícil na família, por exemplo alguém com algum tipo de incapacidade?
3. Algum dos pais ou avós foi casado
ou comprometido em uma relação anterior, ou envolvido em uma relação significativa
antes de seu casamento atual?
Qualquer pergunta adicional bloqueia
a abertura para a informação fenomenológica que emerge. Isto é verdade tanto
para o terapeuta como para os representantes. É também o motivo pelo qual o terapeuta
evita qualquer conversa previa com o cliente ou a um questionário extenso. Além
disso é melhor se o cliente permanece em silencio durante a constelação, e que os
representantes se abstenham de fazer qualquer pergunta ao cliente.
P-Como ocorre que uma pessoa
seja escolhida, em sua família, para representar a uma pessoa excluída?
R-A força que opera selecionando alguém para representar a pessoa excluída é a consciencia familiar, e é inconsciente. Você
o vê pelos seus efeitos. Esta consciencia familiar segue certas leis. Uma delas
é que cada membro de uma família tem um direito equivalente ao dos demais de
fazer parte do sistema. Agora, se um membro é esquecido ou excluído já não pertence.
Então a consciencia familiar tem uma tendencia a completar a família. Esta é
uma das leis. E podemos de fato ver, pelos seus efeitos, que membro da família está
submetido a ela e quem não. Só certos membros da família são afetados e podem estar
emaranhados na sorte de outros membros da família.
P-É a família que escolhe esta
pessoa ou é a pessoa que escolhe ser um representante do passado?
R-Nem um nem outro. É a alma ou a
consciencia da família a que escolhe esta pessoa. E não ha ninguém culpado de
estar escolhendo alguém. É uma força que requer que alguém o faça, e o mais
fraco – com frequência- é o que toma para si.
Se é uma criança é com frequência o mais jovem quem o assume. O que menos
pode resistir a estas forças. Mas não quero fazer disto uma generalização. Eu
observei isto com frequência, mas também acontece que seja o primeiro que nasce,
com muita frequência é ele; o que sim é sempre uma pessoa em uma posição mais
frágil quem carrega com isto.
Traduzido do espanhol por Marcia Paciornik
(1)
Fonte:
Insconsfa, Instituto de constelaciones familiares.
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