quinta-feira, 22 de setembro de 2022

Bert Hellinger, biografia (s)


Bert Hellinger deixou um legado transformador e revolucionário para a humanidade.

Sua filosofia, observações e compreensões sobre as "forças" e "necessidades" que movem os sistemas, bem como sobre o papel da consciencia "grupal,"  e como eles nos afetam, representam um salto evolutivo para a humanidade. 

Muito se escreve e fala sobre ele e seu trabalho. Alguns textos e "falas"  resultam de pesquisas e conhecimentos extensos e profundos. Não faltam porém aqueles realizados de forma superficial  com conclusões errôneas e até mesmo levianas.

No site da "Hellinger Sciencia" pode se encontrar uma de suas biografias (acesso através do link a seguir) 


Uma das biografias mais completas sobre a vida, o trabalho e a obra de Hellinger foi escrita por Brigitte Champetier des Ribes (1) e pode ser encontrada no site do Instituto de Constelações Familiares que ela dirige , 

https://recursos.insconsfa.com/hellinger_biografia.php

Baseada em uma extensa e profunda pesquisa esta biografia apresenta um rico, profundo e humano depoimento sobre a carreira e a vida deste do extraordinário ser humano, filósofo e terapeuta que foi Bert Hellinger.   

As constelações familiares, (método pelo qual Hellinger ficou universalmente conhecido), assim como as demais teorias das ciências humanas (p.ex. psicologia, ciências socias) têm como base a experimentação e a observação sistemáticas realizadas por Bert ao longo de sua vida e carreira. Tudo amplamente descrito, explicado e documentado em seus livros, artigos, conferencias, vídeos e workshops (2).

O registro sistemático e organizado de fenômenos ou "casos"  observados dentro de determinados parâmetros, regularidade, periodicidade, prevalência tem sido a forma de determinar sua base e comprovação "cientifica".

Com base nestes critérios e métodos, teorias como a da psicanalise de Freud ou a psicologia analítica de Carl Jung (só para citar algumas) tem sido validadas e vêm sendo amplamente utilizadas.

O método e a filosofia de Bert, além de se basear da observação sistemática, descrita, catalogada e documentada de centenas de casos estão apoiados no método e na observação fenomenológicos (3), 

A observação sistemática e analítica de casos são formas  para aquisição de conhecimento também validadas pela epistemologia, a filosofia do conhecimento (4).


(1) Psicóloga clinica,  uma das principais facilitadores e formadoras de constelações da atualidade. Seu extenso currículo pode ser encontrado no link a seguir  https://insconsfa.com/instituto_brigitte.php 
(2) Bert Hellinger escreveu 64 livros traduzidos em 25 idiomas
(3) Fenomenologia/ fenomenológico, inicia-se em 1900 com Edmundo Husserl e se dedica ao estudo das experiencias subjetivas e sua metodologia. Se trata de "observar" o fenômeno ou seja o que está ocorrendo na situação sem interpretar.
(4) epistemologia palavra de origem grega cujo significado é teoria do conhecimento. Os Epistemologistas estudam a natureza, a origem e o escopo do conhecimento. 


sábado, 10 de setembro de 2022

O medo, a raiva e minha criança interior

O medo é um grande aliado. Precisamos dele para reagir ao que nos ameaça. 

Se estamos "ligados" com o que esta ocorrendo à nossa volta (i.é. vivendo no presente), no momento em que ocorrer algo que possa  impactar na nossa integridade (física ou emocional), o medo nos fará reagir na medida e na intensidade adequadas. Vamos  fugir, nos defender ou paralisar. O que seja necessário e compatível na situação.

Se estamos "distraídos", pensando em algo que eventualmente possa vir a acontecer, ansiosos ou em algo que já ocorreu e nos desagradou não seremos capazes de reagir apropriadamente. 

Pode reconhecer quando e como isto ocorre com você ?

Talvez possa lembrar de algum acontecimento corriqueiro, algo que aconteceu ou se repita com frequência e diante do que  tenha se percebido  reagindo com um medo ou raiva intensa, desproporcional ao acontecimento.

Eric Berne, criador da analise transacional,  observa que quando estamos "conectados" no momento presente, nos encontramos no "estado do eu" que ele chamou de "EU" adulto. Neste "estado" agimos e atuamos de forma coerente, compatível com o que esteja ocorrendo e na intensidade adequada

A pergunta é: onde  "EU" estou nos momentos de "distração"? 

Segundo Berne, quando estamos dominados por uma emoção intensa, incontrolável, desproporcional e duradoura, revivemos uma emoção da infância. Uma emoção  "encapsulada" que nos remete a um trauma ou conflito que ocorreu quando éramos pequenos. Estamos no estado do "EU criança ou infantil". 

Aquele momento desproporcional de medo ou raiva é esta parte nossa, bem pequena, assustada, reagindo. Nossa parte criança, fazendo birra, tendo um chilique, não querendo que ninguém tenha razão a não ser ela...

As emoções, quando desproporcionais e inadequadas, normalmente ocorrem quando estamos distraídos nesta criança ou vinculados, inconscientemente, a um trauma, conflito ou evento do passado familiar, cuja existência ignoramos completamente.  

Estamos repetindo emoções e reações de quando éramos pequenos ou, como observou Bert Hellinger, revivendo, instintiva e inconscientemente uma situação muito antiga, baseado em acontecimentos que ocorreram no passado familiar.

Por exemplo, fico sabendo que um conhecido de quem não gosto vai dar uma festa e recebo um convite. Se estou na minha parte mais crescida (presente e adulta) decido se quero ou não comparecer, agradeço e não penso mais no assunto. Minha mente permanece calma. Meu coração tranquilo. 

Se estou no estado do "EU" criança (que me remete a emoções da infância) fico me debatendo entre ir ou não sem conseguir decidir. Minha mente fica agitada com pensamentos e argumentos repetitivos e conflitantes sobre o assunto. 

Em nossa atividade profissional quando atuamos  a partir deste "eu criança" normalmente nos comportamos de forma desapropriada. Por exemplo Sou comentarista esportivo e torço para um time que é finalista do campeonato nacional. Vou cobrir o jogo que vai ser na cidade do meu time. Se estou em conexão com o presente a realidade como é, no meu "EU" crescido, adulto, vou interiormente desejar que o meu time ganhe mas com a alma leve, a mente tranquila. Reconheço a possibilidade que ele possa pode perder mas com o coração em calma e a mente apaziguada. 

Se estou no "EU" criança, a simples ideia de o time oponente poder vir a ganhar vai me causar reações e emoções violentas, desproporcionais, incontroláveis. 

Posso por exemplo  acusar o time adversário de faltas inexistentes, desmerecer, desqualificar, ridicularizar seu técnico e seus jogadores. 

Isso acontece com mais frequência do que possamos imaginar. 

Procure notar quando olhar, assistir ou ler algo no qual perceba que o protagonista ou autor esta dominado por emoção desproporcional e intensa, uma raiva que distorce suas feições, sua fala, sua escrita, que usa termos pesados, agressivos, desqualificatórios, humilhantes, saiba que é a criança amedrontada que mora nele se expressando.  

Ele não consegue agir de outra maneira. É inconsciente e instintivo.







quarta-feira, 31 de agosto de 2022

Alinhar-se com o essencial

Um dos nossos grandes desafios é poder reconhecer o que é essencial para nós. Muitas vezes nos perdemos em duvidas, em labirintos mentais (pensamentos e argumentos repetitivos e intermináveis) ou nos paralisamos presos a emoções intensas e ou  conflitantes. 

Em algumas áreas da nossa vida acontece com mais frequência, em outras com menos. Vai depender de nossa estrutura interna, de como pensamos. Do quanto podemos "suportar" ou sustentar a verdade do que é. De estarmos mais ou menos enredados em traumas do sistema familiar.

Quando estamos reagindo a partir de uma parte menos crescida, por exemplo de algo que nos remete a uma situação traumática da infância, é possível que sintamos muito medo, raiva, insegurança ou outra emoção intensa. Nestes casos reagiremos de forma incompatível com a situação. Teremos uma reação ou emoções desproporcionais ou nos paralisamos.

Estas reações  desproporcionais são "espelhos" de situações que vivemos na infância com as quais não conseguimos lidar porque não tínhamos a estrutura emocional adequada. Éramos pequenos demais.  

Poder reconhecer a "verdade" de cada momento ou situação é um passo importante para  discernir o que é essencial para nós.

Só será possível quando, antes, pudermos estar de  acordo com o que estiver ocorrendo. Sem negar ou desejar que seja diferente do que é.  Da mesma forma que sabemos e reconhecemos a primavera vem antes do verão.

Isto vale para todas as nossas áreas e situações: pessoais, profissionais, relacionamento de casal, mudanças de vida bem como para decidir sobre questões que vão afetar nosso entorno, o lugar onde vivemos ou nossa comunidade.

Pode reconhecer alguma vez na qual, sem se dar conta, permaneceu fixo em algo que não era essencial e se perdeu em detalhes ou aspectos irrelevantes para seu objetivo? 

Ou que, em algumas situações, se recusou ou recusa a ver ou reconhecer o que está de fato ocorrendo? Rejeitando, negando, justificando-se, argumentando, buscando explicações, paralisando-se, ou agredindo, entrando em desespero, entregando-se a uma emoção sem controle?

Podemos identificar o que é essencial para nós? 

Se, por exemplo, estamos em uma fase da vida na qual necessitamos escolher uma carreira que aspectos devemos considerar? O que é essencial?

A carreira que vai ser mais lucrativa? A mais glamurosa? A que vai de encontro com as expectativas dos meus pais? Ou o a que nos deixa felizes e alegra nossa alma?  

Se escolho uma que acredito que será mais lucrativa e/ou glamurosa, mas que vai exigir que eu seja muito sociável, vá a muitas festas, trabalhe 18 horas por dia, esteja sempre nos holofotes e sou uma pessoa não muito sociável, que curte ficar sozinha, esta carreira vai contra meus anseios mais profundos e não serei nem feliz nem bem sucedido.

Se escolho um/a parceiro/a afetivo com base em seu aspecto físico sem considerar os objetivos em comum que possamos ter como casal (desejamos ou não ter filhos? O que esperamos de cada um? Aceitamos os valores, cultura, forma de ser, religião de nosso/a parceiro/a? Gostamos das mesmas coisas? (Viajar ou não, morar em casa ou não, em uma cidade ou não?), provavelmente me frustrarei ou vou acabar ressentido. 

O que é realmente essencial para mim em uma relação? Consigo definir ou me perco em divagações, em aspectos que não são relevantes?

O mesmo vale para questões coletivas. Se, por exemplo, precisamos escolher o sindico para o condomínio onde residimos ou o prefeito da nossa cidade o que é essencial considerar?

Se ele é bonito? Como ele se expressa e fala? Se gosta de música? Se aprecio a forma como ele se veste? Se gosto dele? Acho ele simpático? Se ele é cristão, evangélico ou espírita? Se gosta praia ou campo? Se me perco nestas irrelevâncias não vou ver o que é essencial: se a pessoa é ou não capaz e competente para administrar o condomínio ou a cidade.

Se escolho com base em meu sentimento pessoal de simpatia ou antipatia, se estou movida pela emoção cega, ao invés de analisar o seu trabalho efetivo e sua capacidade de colocar meu condomínio ou minha cidade em ordem obviamente vou estar prestando um grande desserviço para mim e para meus vizinhos ou moradores de minha cidade. E  acabar escolhendo alguém que criará para todos muitos problemas no futuro. 

Nenhuma situação ou pessoa é perfeita. Nós também não. Quero alcançar algo ideal ou inatingível? Consigo focar no que é essencial? Consigo ver o que é bom para mim e para todos ou estou totalmente preso a preconceitos?

O que é essencial em cada situação e contexto?

Conseguimos decidir por algo que não seja ideal mas sim possível? Que seja mais alinhado com a realidade do momento? Podemos ver o que é bom para mim e também para todos? Podemos reconhecer o que viemos viver? O que nossa alma anseia?

O essencial só é "essencial" se o que almejamos for bom para mim e também para todos. 

Estamos convencidos de que somos separados, desconectados uns dos outros e do que nos circunda. Somente em décadas mais recentes as novas descobertas das ciências físicas, biológicas e humanas voltaram a recolocar a noção de que interagimos em uníssono com tudo que nos rodeia, que de fato estamos conectados, vinculados com tudo e todos. 

Normalmente estamos presos a traumas e conflitos do passado, a fidelidades com o sistema familiar. A mandatos que recebemos ou promessas e roteiros de vida que fizemos na infância. 

Ou não conseguimos encarar a realidade como é porque nossa capacidade de suportar e ver a verdade está ofuscada por crenças, fantasias, expectativas e dominada por preconceitos e pela necessidade de pertencer, presa ao certo e ao errado dos meus grupos. 

É importante identificar o que nos impede ou afasta do que é essencial para nos para, eventualmente, poder se for o caso buscar a ajuda adequada.


segunda-feira, 15 de agosto de 2022

Um novo modo de constelar

 Texto de Bert Hellinger - Frankfurt, Outubro 2010

 

"Agora eu estou de pé e sou outro Bert Hellinger. O que vocês conheciam de anos anteriores eu não conheço mais. Agora eu me direciono para outro campo e vou explicar o que isso significa. 

Antes, muitas pessoas vinham a esse tipo de curso porque queriam resolver algo para si mesmas e suas expectativas estavam focadas em mim, em como eu poderia ajudá-los. E essas expectativas me guiavam e me deixaram doente.

Por que? Porque eu me intrometia em seu destino dele.  E eu experimentei comigo mesmo o quão perigosa essa ajuda pode ser. Essas forças maiores, que atuam agindo através de mim e no mesmo grau atuam em cada um de vocês, não suportam quando tomamos o seu lugar. E sem embargo nos parecia que estávamos fazendo algo bom.  Desde o início das Constelações Familiares podíamos ver que os representantes se sentem como a pessoa que estão representando. É incrível que algo assim possa acontecer. 

E em seguida nós continuamos e o chamamos de "método terapêutico". Pode haver algo mais louco? Aqui, desde o início, outra força se manifestava totalmente, outra força no que queria ajudar e também nos representantes. Essa força os tomava ao serviço. E em seguida nós empurrávamos aos representantes, para lá e para cá como se isso fosse ajudar em algo. Como se tivéssemos permissão para nos intrometer. 

E os que guiavam uma constelação, eu também me incluo aqui, diziam: "Diga-me, qual é o seu problema? O que trazes? E alguém respondia e nós levamos a sério e dizíamos: "Venha, o constelamos." Mas essas forças queriam o bem para nós. Essas constelações familiares acabaram.

Torna-se cada vez mais perigoso quando ainda tentamos fazê-lo desta maneira e vemos também o resultado de constelações familiares deste tipo. Digo isso abertamente e não vou proteger ninguém. Essas constelações familiares acabaram. 

O que agora toma seu lugar? Podem ainda me ouvir? É interessante? Então, simplesmente considero seriamente que cada representante é guiado por algo diferente. E que eu sou guiado por algo totalmente diferente e que eu só posso avançar na medida em que eu experimente o mesmo que aquele que é guiado. E quando isso termina, eu também termino. Acabo. 

Este novo modo de Constelações Familiares eu chamo de "seguir o espírito". Nunca pensamos assim. Não refletimos que os representantes não são eles mesmos, mas que outra força os toma e os dirige. E, quando um representante quer escapar disso porque ele tem algum objetivo dele, tudo desmorona. O representante que se comporta como se tivesse que ajudar tem que ser mudado para outro imediatamente.

Porque se não, nada pode funcionar. E o mesmo se aplica a mim.  Quando trabalho sou um intermediário e algo diferente me toma ao serviço e me disciplina. Então tem lugar algo totalmente diferente do que uma pessoa pode imaginar ou desejar. Essa pessoa é tomada ao serviço e disciplinada.  

Pergunta: O que era perigoso nas constelações familiares anteriores? 

Hellinger: A Usurpação." 

Tradução do Espanhol Marcia Paciornik

Fonte: https://insconsfa.com/

segunda-feira, 8 de agosto de 2022

Perder a humanidade

 

Cada membro da espécie humana, independentemente de sua individualidade que é sempre única, tem em algo em comum que une a todos. Podemos ser de famílias, países, culturas, conhecimentos, condição financeira diferentes todos porém igualmente humanos, ligados por um elo comum que é nossa humanidade.

Entretanto não é incomum olharmos para alguém próximo (um amigo, um familiar, um colega de escola ou trabalho) e principalmente os mais distantes (um politico, um comentarista de TV, um policial na rua) e internamente colocar um rótulo (idiota, corrupto, violento...). 

Normalmente trata-se de algo desta pessoa que instintivamente repelimos por ser contrário aos valores e regras da nossa cultura ou de algum dos nossos grupos de pertencimento. 

Quando olhamos para alguém (uma situação, um grupo) e só conseguimos ver uma característica ou um aspecto dela que nos desagrada (agressivo, mentiroso, ignorante, maldoso, desonesto) estamos excluindo as facetas e atributos bons e até mesmo admiráveis que esta pessoa ou grupo com certeza também possuem. 

Sabemos, por nós mesmos e nossas próprias imperfeições, que todos temos diversas facetas, virtudes e defeitos. Somos, afinal, humanos. O que nos une, além da identidade como espécie, é também nossa imperfeição. O reconhecimento de que cada um de nós como é tem uma contribuição a dar e não sabemos qual é. 

As pessoas não se reduzem ao aspecto delas do qual não gostamos. Mesmo quando não compreendemos sua contribuição, ou discordemos de como fala, se comporta ou age. Somos pequenos demais para compreender o papel de cada um, o que cada um veio fazer.

Quando não consigo reconhecer que, como eu, a pessoa tem aspectos bons e ruins ela perde a humanidade e se transforma em um rótulo. E eu também me reduzo a um rótulo (excluidor, rotulador, intolerante, julgador). Reduzo a pessoa a um aspecto dela e me reduzo a alguém incapaz de ver além deste aspecto. 

E notem, fazemos isto o tempo todo, sem sequer nos dar conta. É instintivo. É uma necessidade ditada pela nossa necessidade de pertencer, (1) de fazer parte de um mesmo grupo, de uma cultura, de uma família (com as normas, valores e regras que acreditamos serem os mais certos, os únicos verdadeiros).

Não nos damos conta de que, quando rotulamos alguém (corrupto, violento, ladra, abusador, ignorante, judeu, fanático), estamos sendo violentos! (2) Mesmo quando nos julgamos defensores da paz, da não violência. E o pior é que nos sentimos "bons," "corretos," "certos," plenamente justificados em nosso comportamento. 

E é normal que seja assim. Estamos defendendo nosso direito de continuar "pertencendo" ao nosso grupo familiar, politico ou qualquer outro que seja que desejamos fazer parte, a "cultura" que consideramos boa e correta.

Não nos damos conta que esta forma de olhar para o outro cria mal estar interno em nós mesmos, no outro e ao nosso redor. 

Se prestarmos a atenção vamos perceber que algo muda em nosso corpo quando, ao percorremos as redes sociais ou assistindo um noticiário, nos deparamos com algo que, segundo nossos valores, é incorreto, agressivo, injusto, desrespeitoso, desonesto ou falso. Nosso corpo vai tensionar, enrijecer, o coração se tornar mais pesado. A mandíbula ou as mãos podem se contrair. O coração ficar mais "pesado." É sutil, mas vai ocorrer.

Isto ocorre porque somos seres vibrantes e ressonantes e a forma como vemos o outro altera a nossa vibração interna e repercute nos que estão à nossa volta. E assim, sem mesmo desejar, estamos contribuindo para o crescimento do mal estar coletivo, para o aumento da agressividade e da violência no planeta.

Quando só vemos algo ruim de alguém, de uma situação, de um grupo "estamos sendo violentos." sem nos dar conta e contribuindo para aumentar a violência ao nosso redor. 

O importante é saber que não precisa mais ser assim. Com o conhecimento que temos hoje sobre a necessidade de pertencer podemos escolher conscientemente começar a atuar de outra maneira. 

Reconhecer que todos têm o mesmo direito de pertencer e cada um de nós tem um propósito, está a serviço de algo na evolução do planeta e da humanidade. Mesmo que não saibamos qual, mesmo que nos seja difícil aceitar ou até mesmo que julguemos nocivo. 

Vamos nos sentir culpados mas vai valer a pena. 

Hellinger nos ensina que não há crescimento sem culpa! A escolha é nossa: continuar alimentando os campos de consciencia da exclusão, da intolerância, da violência ou crescer e resgatar nossa humanidade.

Marcia Paciornik

Constelações Familiares e Quânticas (individual, on line) e Movimentos Essenciais (encontros inviduais, on line, para aprendizado e prática).

(1) Bert Hellinger trouxe à luz, a partir de suas observações, que diversas forças atuam sobre nós e que estamos sob a influência das necessidades de duas "consciências: a "grupal," que atua para garantir o crescimento, sobrevivência e coesão dos sistemas, se "impondo" sobre os seus membros, e a "pessoal," que tem como uma de suas necessidade o pertencimento. Para esta consciencia só nos sentimos com direito a pertencer quando seguimos fielmente as regras, normas e valores da nossa família e da nossa cultura.