terça-feira, 19 de julho de 2016

Somos ou não responsáveis por nossas decisões?


Muitos de nós temos a pretensão de imaginar que controlamos as decisões que tomamos na vida. Aqueles que conhecem sobre as dinâmicas sistêmicas se dão conta de que não. Tudo afeta a todos no passado, presente e no futuro e influencia as decisões que tomamos. Somos seres ressoantes.

Temos responsabilidade individual sobre a nossa vida, mas ela está a serviço de algo maior, a serviço da nossa espécie, dos sistemas aos quais pertencemosAs nossas grandes decisões vão estar sempre a serviço das forças de coesão e de manutenção do Sistema dos quais fazemos parte. 

As decisões importantes que tomamos são ecos de algo anterior. A  consciencia grupal, vai nos atribuir “problemas espelhos” de desordens anteriores ocorridas no sistema familiar: não ter família, bloqueios, doenças, dificuldades no trabalho, perdas financeiras, depressões etc. 

Nossa liberdade está limitada a isto. Ou fluímos, aceitando, ou não. Dizer sim ou não é nossa única liberdade.

Comportamentos repetitivos, muitas vezes, são um sinal de que uma pessoa esta vivenciando algo que algum antepassado.

Em cada geração diversos dos integrantes mais jovens do sistema familiar terão que compensar as "desordens". 

O que são e o que causa as desordens nos sistemas?

De um lado excluir, rejeitar, esquecer, desprezar, olhar de forma ruim. Nada disto é tolerado. Os sistemas são amorais, não se regem pelos conceitos de "certo e errado "mau ou bom." Para a consciencia grupal ou do sistema tudo esta certo como foi. Não importa o que o individuo tenha feito, todos têm direito de pertencer de fazer parte.
 
A exclusão não é tolerada pela consciencia grupal. Quando algo ou alguem é "excluido" esta consciencia vai se impor sobre um integrante mais jovem do sistema para repetir o vivido pelo excluído. 

Energeticamente, este jovem membro vai se colocar no lugar do excluido provocando uma nova desordem. Cada um precisa estar no seu lugar o excluido, o que revive o que ele viveu, os que olham para eles de maneira depreciativa. Todos. Só assim o sistema se ordena. 

De outro lado a desordem pode decorrer de algo/alguem que não terminou o seu ciclo. 


Tudo é polar. Se alguem comete um dano tem que reparar para terminar o ciclo, se perde alguém precisa se despedir, se foi vitima de um dano precisa expressar a raiva, dor ou medo. Quando o ciclo não é completado deixa um vacuo para que será "herdado/repetido" por outro integrante no intuito de completar. o sistema.

 Quem integra o sistema familiar?

Todos os membros das varias gerações anteriores à nossa. 

Os sistemas são submetidos a três "forças" energéticas que precisam ser respeitadas (a Ordem  de chegada ou hierarquia, o direito ao pertencimento e a força de compensação ou equilibrio entre o dar e o receber) e também a campos de consciencia ou campos morfogenéticos. Estes campos tem como função preservar a integridade, a coesão e a permanencia do sistema. Passar adiante a informação e os conhecimentos adquiridos. 

Para cumprir seu propósito precisa promover o reequilibrio ou "compensar" o que ficou desequilibrado no passado. Para isto a consciência familiar se utiliza dos membros mais “jovens” do sistema. 

Os vínculos dos mais jovens com os mais velhos (ou ancestrais) se originam nas tragédias, nos traumas, nos danos não assumidos, nas exclusões> Em resumo  nas “desordens” ocorridas. 

Estes vínculos são chamados de lealdades/fidelidades, emaranhamentos ou intrincações. Correspondem à um mecanismo ou dinâmica de “compensação arcaica”. 

O ser recém concebido, por amor, assume o encargo de compensar o que esta excluido. No seu amor infantil ele não consegue dizer NÃO. Apenas quando estamos no estado adulto podemos dizer não ou sim ao que nos cabe.

No estado de compensação arcaica identificam-se duas dinâmicas: ou o membro mais jovem diz a um ancestral  “Eu como você” ou “eu por você”. “Eu levarei por você”, “eu pagarei por você” “eu sofrerei como você”, “eu matarei por você”, “eu me vingarei por você”. Ou um ancestral diz a um descendente, a um jovem: “você por mim” ou “você como eu” (na culpa, na dor, no sofrimento, na vingança, no luto, na vergonha, no fracasso...). 

Quando estamos no estado de compensação arcaica, na criança, estamos presos à ressonância dos campos de informação que registram todo o passado da espécie e dos sistemas familiares. Não podemos escapar. Apenas imitamos a informação. 

Sair da compensação arcaica é escolher a vida. 

Somente no estado de compensação adulta podemos ter consciência desta atração e do “emaranhamento”. 

A consciência familiar nos pede para soltar o vitimismo, para nos transformar em adultos. Para amar o que existe. Com isto começamos o processo de cura. 

A consciência familiar dá força e ajuda ao descendente que se despede da compensação arcaica, do passado que diz sim à vida, ao presente. 

As constelações possibilitam olhar para para as "desordens e compensações arcaicas" às quais estamos presos, identifica-las e dizer SIM à vida ao presente, ao que, sim, nos cabe. 

Quando fazemos isto mudamos de status. Deixamos de ser vitimas e nos transformamos em adultos. Honrando e agradecendo a tudo com é.

(1)  Este texto foi baseado em Material escrito por Brigitte Champetier des Ribes para a formacão on line do Instituto de Constelación Familiar, http://insconsfa.com/online_unidad3.php

(2) Recomendamos a leitura do texto da Dra. Lais Siqueira Bertoche apresentado no IV congresso de terapia regressiva: “Curando memórias com a constelação familiartransgeracional. A transmissão do trauma para descendentes e a harmonização docampo mórfico”. 


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