sexta-feira, 11 de outubro de 2019

Sobre embriões congelados, inseminação artificial


Extratos de Perguntas e respostas (Bert Hellinger) -Treinamento Internacional Hellinger Sciencia. México, março 2009
P- O que sucede com as vidas que estão congeladas ou suspendidas quando se faz fecundação in vitro? 
Bert Hellinger - Uma vez disse uma frase muito trivial: “Cada um é um grupo, muitos estão reunidos em nosso corpo e em nossa alma e todos os que pertencem a nossa família estão reunidos em nosso corpo. E as vezes se mostram através de moléstias em nosso corpo”. 
Agora, em um processo como o que descrevestes no qual vários óvulos são fecundados e uns são escolhidos e os demais têm que morrer, todos pertencem da mesma maneira. E isto não é uma afirmação minha, o temos visto em trabalhos de constelações. E esta situação tem um alcance muito amplo, sobre a mãe e o filho. 
Por outro lado, eu não o condeno, porque seja como for um filho vive; também a este preço, e é uma situação especial e um desafio especial para esta criatura. 
Então pode rejeitar isto e ignora-lo e se converte em menos. Ou pode incluir a todos os demais e então se faz mais. 
Mas com a mãe é diferente. O preço é alto, muito alto. 
A pergunta é: O que faz com este preço? O paga, convertendo-se em menos, por exemplo castigando-se a si mesma? Ou paga o preço fazendo-se mais? 
Quer dizer se converte em mais se ela paga seu próprio preço dando serviço a muitos, dando serviço à vida. Em um recipiente pequeno, se lhe colocas liquido muito rápido o extravasa, mas em um recipiente grande, se pode colocar, colocar e colocar. fonte: insconsfa.com

Perguntas e Respostas – Treinamento Internacional (Hellinger Sciencia)

Alemanha, dezembro de 2010

Inseminação artificial

Mulher: Me preocupa e me move a pergunta: “O que acontece quando é feita inseminação artificial e quando o pai quis este método?”.
Hellinger: Para a criança, não existe problema de que forma chega ao mundo. A vida tem prioridade. A questão é: Como os outros se comportam? A criança pode dizer a seu pai, mesmo que não o conheça: “Obrigado”. E dizer à mãe: “Obrigado. Todo o resto não me diz respeito”. Isso tem um efeito sobre aquele que doou seu sêmen. Ele jamais poderá se livrar do filho. E também tem um efeito sobre a mãe, mas ao filho não importa.
Mas, com o filho de uma fertilização assistida a solução também é o amor, o amor para o pai oculto e para a mãe, onde encontramos o amor, o amor para o doador. O que ela tem que dizer a ele? “Você é meu homem”. Vocês sentem o que muda com isso? Porque, de repente, a mãe está ligada a alguém por toda a vida.
Respondi sua pergunta?
Mulher: Sim. Obrigada.fonte: insconsfa.com

Sobre este tema acrescento algumas anotações que tomei em um dos módulos da minha formação em Novas Constelações  ministrado por Brigitte  Champetier des Ribes:
Os fetos e embriões pertencem ao Sistema Familiar como todos os seres humanos. É fundamental que os pais tomem os embriões da fertilidade assistida como filhos, cada um deles. Mortos e congelados. Tem que assumir (se dar conta) que já têm muitos filhos e que seus filhos têm muitos irmãos.
Os filhos vivos são muito sensíveis aos que não nasceram. Alguns sentem que não podem viver se seus irmãos estão mortos e congelados. Ou querem matar as pessoas que impediram seus irmãos de viver. Têm uma agressividade interna imensa. Outros têm medo destes irmãos e os querem matar. Até os pais tomarem todos os irmãos os filhos não se sentem com permissão de viver. Os pais precisam dizer aos filhos vivos: você tem permissão de viver.
Estes embriões precisam muito deste reconhecimento. São forças de vida imensa e alguns não aceitam não poder seguir o impulso da vida. Outros que são gestados tem medo de voltar a ser abandonado. Os congelados estão paralisados, mas conscientes e têm pânico de voltar a este estado. Os que viveram tem um medo imenso de voltar a este estado. O embrião congelado precisa ser visto e reconhecido e depois está em um lugar de paz. Em uma constelação na qual a mãe, o pai e os embriões são representados, a mãe olha para cada um dos embriões e diz a cada um: agora te tomo como um dos meus filhos. Todos podem descansar em meu coração. Obrigado por serem nossos filhos. Aos que foram descartados: obrigada por morrerem em nosso lugar.

quinta-feira, 1 de agosto de 2019

Ser instrumento de paz


Texto de Brigitte Champetier de Ribes
Publicado em “La revista Espacio Humano” em março 2014 (1)   

"Proponho-lhes as próximas reflexões e exercícios para transformar-nos em instrumentos de paz.
A necessidade de pertencer é a mais premente de todas, e pela busca de segurança a pessoa faria qualquer coisa. E segurança significa sobretudo Valores, Deus, religião ou ideologia. Os homens matam por fidelidade ao seu Deus, por pertencer mais ao seu Deus, para se sentirem mais seguros, para ter a consciência segura e tranquila. E quem é esse deus? É a Verdade que compartilha um grupo, é o cimento do grupo ao qual pertenço.
Bert Hellinger fez este descobrimento em relação à paz:
Os homens matam para defender sua Verdade, eliminando quem a critica, desprezam ou colocam em risco sua segurança externa (a validade de seu grupo) e interna (sua boa consciência). A Verdade de uns é o Mal dos outros.
A guerra não é mais que a materialização do nosso medo interno de ser autônomos, já que a autonomia supõe renunciar a este pertencimento e a esta segurança física e moral. É a materialização da nossa fidelidade infantil e fundamentalista a uma Verdade que nos ajudou a nos integrar, a pertencer, a ser reconhecidos pelos outros e sentir-nos importantes.
Já é hora de despedir-nos da superioridade de nossa verdade. Não existem dois seres humanos que acreditem exatamente no mesmo. Por isso, temos tanta dificuldade em aceitar profundamente qualquer outra pessoa.
Renuncio a que minha explicação da vida seja a única válida: é fruto do meu passado, e se houvesse nascido em outro país ou em outra época meu desenvolvimento teria sido diferente e minha crença sobre a vida, o mundo, a justiça, o bem e o mal também.
Tudo o que existe cria seu contrário, tudo existe por polaridade, até que os polos se fusionem, se reconciliem, criando uma nova unidade, superior às duas anteriores, que por sua vez, criará uma nova polaridade…
Quando rejeito ou nego algo, e somente me agarro à minha polaridade, o que rejeito aumentará. Quanto mais me radicalizo, mais se radicaliza o oposto. É lei de vida. A única solução para que algo desapareça é incluí-lo. A solução para a guerra é incluir, incluir e incluir.
Fecho os olhos e me abro a todos. A todos como somos. Sou mais um. Mais um em todos os aspectos.
Vejo-me com minha Verdade, honro-a, agradeço-lhe, vejo as fidelidades que tenho detrás dela e a faço menor. Não é mais do que minha verdade, aqui e agora.
E agora vejo os outros, cada um com sua Verdade, e detrás de cada verdade, suas realidades e suas fidelidades. Honro todos os outros e agradeço-lhes serem como são.
Honro todos como somos.
Referente aos nossos pais, cada um também têm sua verdade, a verdade para minha mãe é diferente da verdade para meu pai. Cada um é fiel ao seu passado, a sua experiência e ao que lhe guia.
Eu existo porque entre os dois se fizeram um. Sou ambos, sou a fusão dos dois.
Então, decido renunciar a minha preferência pelo meu pai ou minha mãe. Ambos, pai e mãe, são igualmente valiosos para mim. Ambas as verdades, a do meu pai e a da minha mãe, são igualmente válidas para mim.
Olho para meus pais e abranjo-os em um só olhar, os dois juntos, estejam como estiverem, estejam onde estiverem. Honro os dois ao mesmo tempo, com o mesmo agradecimento e a mesma entrega.
Frequentemente, minhas convicções são totalmente viscerais. Não as posso racionalizar. Quando as sinto criticadas ou ameaçadas, mesmo que seja levemente, sinto uma emoção que me extravasa completamente, sinto-me em perigo, angustiado, desesperado, torno-me irracional, intransigente, violento inclusive. São todos os sinais de um antigo trauma, de uma emoção bloqueada por uma vivência dramática da minha infância que ainda não digeri. Toda educação grava, se não a ferro e fogo, suas leis, se com culpa e ameaça do pior, a submissão aos seus mandatos. Aproximar-nos de quem levantou o jugo destes mandatos produz pânico.
Represento este extravasamento, e deixo levar-me por ele para trás em minha vida. Até chegar a um lugar do meu passado. Aí espero, deixo que o lento movimento da cura apodere-se de mim, até que o extravasamento se deite no chão, rendido, ausente, acabado.
Penso novamente na última situação que provocou esse extravasamento emocional, e percebo que já não me afeta, estou tranquilo, posso escutar os outros e conversar com calma.
Ás vezes, minha convicção é uma verdadeira obsessão. Não me deixa liberdade. Sinto-me preso, possuído, não posso razoá-la.
Toda obsessão é um chamamento sistêmico de uma intrincação com um ancestral. Um ancestral que não consegue encontrar a paz por uma culpa que não pôde assumir em sua vida.
A cura virá com o próximo exercício:
Imagine um lugar para você, outro para sua “obsessão” e outro para o ancestral. Coloque-se alternadamente em cada um, e deixe-se movimentar muito lentamente, sem saber o que deseja de você o movimento. Deixe fazer. Decorrido um tempo, a obsessão terá ido embora com o ancestral, e o ancestral terá se retirado. Você, então conscientemente, honrará o ancestral e lhe agradecerá a vida que lhe vem dele.
A sistêmica observa que quando em uma estrutura os de cima estão em enfrentamento, porém não o assumem, os de baixo vivem uma guerra aberta entre si. Por exemplo, quando em uma família os pais reprimem seu ódio recíproco, os filhos estarão divididos em dois grupos que se odeiam, sem saber por que. A mesma coisa acontece em uma organização. Se dois chefes ocultam seu enfrentamento, os subalternos estarão em confrontação constante e imotivada. No momento no qual os “grandes” do sistema, pais ou chefes, comunicarem-se e expressarem seu enfrentamento, os “pequenos” se acalmarão.
Então, agora posso realizar um exercício mais, a serviço da paz no mundo:
Escolho duas pessoas, dois países ou dois sistemas, que representem hoje para mim os líderes das posturas mais conflagradas no mundo. Coloco um na minha mão esquerda e outro na minha mão direita. Vou olhando-os e sentindo.
Honro e agradeço a cada um por ser como é.
Agora, faço que as duas palmas se olhem. Os dois poderosos olham-se. Muito lentamente, aproximo as duas mãos. Até que se toquem, e se fusionem os dois opostos. Com muitíssimo respeito, sinto a transformação em minhas mãos. Aproximo-as do meu peito e tomo no meu coração os dois poderosos fusionados."
 (1)    Fonte: www.insconsfa.com
(   

quarta-feira, 5 de junho de 2019

Estar no presente, no nosso centro sana.

Nós temos um centro de força, que concentra a energia de vida. Para os orientais este centro chama-se HARA. Nas artes marciais o praticante aprende a extrair do Hara, sustentação e força para não se deixar derrubar pelo seu adversário.

“A região onde fica o chamado ponto Hara - entre três e quatro dedos abaixo do umbigo - representa o centro de gravidade do corpo e também um reservatório de vitalidade, vigor e criatividade. Desenvolver a consciência dessa parte do corpo, ativá-la e harmonizá-la nos ajuda a ficar centrados e a encontrar o equilíbrio para viver de maneira mais positiva.

“Concentrar a atenção nesse ponto nos coloca no eixo e proporciona estabilidade física e emocional, permitindo a “unidade do homem consigo mesmo”. Esse poder estabilizador faz da ligação com o hara um dos pilares fundamentais na meditação e nas artes marciais orientais, como tai chi chuan e aikido, por exemplo, em que são necessários concentração e autocontrole.” 

Segundo a medicina chinesa, o lugar do hara no corpo está relacionado ao elemento terra. É como se fosse nosso chão, onde encontramos segurança e estabilidade. Uma pessoa centrada no hara parece plantada no solo, como uma árvore sólida. No metrô de Tóquio, você vê os japoneses com os olhos semicerrados e pés bem firmes no chão. Eles não estão cochilando, mas se concentrando no hara, ganhando força e vitalidade para enfrentar mais um dia de trabalho. Por essa associação com a terra, o fortalecimento do hara proporciona a sensação de enraizamento.

Para quem se sente desvitalizado - portanto, com a energia do hara enfraquecida -, professores de tai chi chuan sugerem mexer com a terra, moldando argila, cuidando das plantas ou simplesmente pisando na lama. Estar em contato com o solo fortifica, revitaliza.
Assim como a terra, o hara é uma fonte de fertilidade. Quem tem ele desenvolvido se relaciona de maneira produtiva com pessoas e o meio ambiente: seus relacionamentos florescem, os projetos frutificam. Bem equilibrado, o hara nos torna calmos, produtivos e criativos. Quando está desvitalizado, nos sentimos ansiosos, vulneráveis e instáveis.

Quem aprende a se concentrar nesse ponto descobre uma âncora para o dia-a-dia. Existem massagens e exercícios que ativam e fortalecem a região. Meditar sentado, colocando a atenção na região do ventre, também é uma forma de estimulação do local. 

Durante as caminhadas, por exemplo, você também pode se concentrar nesse ponto do abdômen sempre que se sentir disperso ou desvitalizado. Dança do ventre ou artes marciais, praticadas regularmente, também ajudam a fortalecer esse centro vital.

Hara significa literalmente "barriga". É na região abdominal onde o Ki se acumula, mas o ponto central de onde esta energia flui para todo o corpo é conhecido por Tanden (em japonês) ou Tan t'ien (em chinês), que significa literalmente "área vermelha", um ponto 6cm (três dedos) atrás e abaixo do umbigo. É nesse ponto que os praticantes de Kempô/Karatê ou do Tai Chi Chuan se concentram quando fazem as suas técnicas.

É fechando o períneo e contraindo o cócix que se fecha um circuito de energia (para não deixá-la escapar, nas meditações Taoístas) e assim unir os canais ímpares Jen Mu e Tu Mu, fazendo assim a órbita Microcósmica no interior do corpo. Sendo estes dois canais intensificados (energizados) os demais meridianos são também intensificados (os dois canais ímpares influem nos outros canais pares, na acupuntura).

Uma outra técnica que todos podem fazer diariamente para aumentar gradativamente o Ki é o Resshu Gamae, uma técnica de centralização de energia. Com os joelhos levemente flexionados, posicionar os braços e mãos como se estivesse abraçando o tronco de uma grande árvore. As palmas das mãos espalmadas, viradas para dentro, e os dedos apontam um para o outro, sem se tocar.
Comece fazendo isso por 5 minutos ao dia, por 15 dias. Depois passe para 10 min. ao dia por mais 15 dias, e depois 20 min. por mais 15 dias (ufa!). Depois disso você já pode sair por aí soltando Hadouken, Leigan, etc.
Professores budistas orientam seus estudantes a centrar suas mentes no Tanden, que ajuda a manter sob controle os pensamentos e as emoções. "Atuar a partir do Tanden" no budismo é o equivalente ao estado de Samadhi.
Estar em estado de centramento é essencial para participar de constelações como representante ou para atuar como facilitador de constelações.
Espero que estas informações sejam úteis e os ajudem a se resgatar de estados de vibração densos.
Marcia Paciornik
(1) (obs. Este texto foi escrito com base em diversos artigos sobre o Hara contidos em inúmeros blogs e sites sobre reike, artes marciais, Hara, Tanden etc. se quiser saber mais a respeito sugiro uma pesquisa  neste endereço entre outros:https://www.ganeshanet.com.br/reading-list/hara-o-abdomen-centro-de-vida-pulsante

terça-feira, 28 de maio de 2019

O assentimento. Por Bert Hellinger (1)


“Assentir (concordar) com algo ou com alguém significa estar em sintonia com ele, por isso, o nosso assentimento é, antes de mais nada, uma experiência pessoal. Assentimos a uma pessoa, a um evento, ou a qualquer outra coisa a partir de nossa própria e vivencia pessoal. Nós assentimos independentemente de se gostamos, de se nos dá algo ou nos o tira, seja qual seja sua exigência ou o que nos aporte. Isto ao qual assinto esta então já em mim, está dentro de mim. Já tem sido parte de mim antes de que eu o admitisse e aceitasse com minha ação. Isto significa assentimento.
O assentimento exterior é consequência de um reconhecimento e de um amor que experimentei previamente dentro de mim. Segue uma frequência na qual o outro e o outro vibram comigo de tal maneira que eu recebo algo dele e ele de mim. Graças a este assentimento tanto eu como o outro nos enriquecemos e nos fazemos mais plenos. Crescemos reciprocamente.
Assentimento quer dizer, logicamente, que assinto ao outro tal como é, sem restrições nem julgamentos. Com isto transgrido um limite imposto pela minha consciência e por grupos para mim importantes que me proíbem de dar em minha alma um lugar a estes outros.  Este assentimento me separa daqueles que exigem que me distancie deles, que os julgue, os rejeite e os combata. Se os obedecesse perderia imediatamente aos uns e aos outros.
Ainda cabe uma reflexão. Se assinto ao outro tal como é, estou em sintonia tanto com ele como com uma parte de mim. O que a princípio me parecia dele estranho e ameaçador , se revela com meu assentimento como uma parte minha que me faltava. O mesmo ocorre com o outro, também encontra graças a esta vibração comigo uma parte dele que lhe faltava. Ele encontra em mim e eu nele mais de si mesmo.
...Se assinto a eles como são, exatamente como são também estes estarão em vibração comigo, também serão uma parte de mim e eu deles. Também com eles encontro uma parte minha que me falta e eles encontram em mim o que lhes falta.
Como o nosso assentimento produz um efeito assim? De onde toma esta força transformadora? Da sintonia com o Espirito Criador, que tudo o que se move o pensa assim como se move e que movendo permanece dedicado a todos por igual. (2)
Em sintonia com este movimento do Espirito aprendemos a assentir passo a passo com mais pessoas de cada vez até que nosso assentimento alcance a todos nos incluindo a nós mesmos. Somente neste assentimento abarcador nos experimentamos plenamente inteiros.”

Tradução do espanhol de Marcia Paciornik


(1)   Mística Cotidiana (caminos de experiencias espirituales). Hellinger, Bert, 1ª. Edição Buenos Aires: Alma Lepik, 2008.pags 48, 49,50.
(2) "O movimento: Tudo o que se move, se move porque outra força os move desde fora. Por isto Aristoteles conclui que existe algo ou alguém que coloca em movimento tudo o que se move..." Mística Cotidiana (caminos de experiencias espirituales). Hellinger, Bert, 1ª. Edição Buenos Aires: Alma Lepik, 2008. Pga 25.

terça-feira, 7 de maio de 2019

Compreensões sobre as constelações e a atitude fenomenológica

Compreensões sobre as constelações e a atitude fenomenológica (1)

"As constelações têm causado confusão para muitos porque contradiz muitas das suposições que temos trazido até agora... O decisivo neste tipo de trabalho é que o terapeuta é pouco importante. Porque o que atua ou que provoca algo não é o terapeuta. É uma realidade que se tornou visível. Por este motivo este é também um trabalho muito humilde...

As constelações familiares são o resultado de uma atitude fenomenológica. Atitude fenomenológica significa, a partir da filosofia,que uma pessoa se retrai e está sem intenção, sem temor e sem amor no sentido de querer ajudar a outra a todo custo. 
Os acontecimentos em si mesmos ficam fora do terapeuta, algo sucede fora dele. Ao se retrair não interfere neste acontecimentos. Nesta reserva cria o espaço no qual os movimentos decisivos podem vir à luz. Os representantes se movem sob o impulso da alma e encontram soluções que estão além da influencia que pode exercer o terapeuta. Assim, o terapeuta não necessita fazer nada. Mas ao faze-lo não está passivo. Neste  recato está completamente desperto. Talvez às vezes então vê que debe intervir, e nesse caso o faz. Por esta razão esta atitude fenomenológica somente se alcança se tudo o que se sabe sobre as constelações familiares de certa maneira se esquece...
O que ocorre nas constelações é impressionante. Mostram que forças atuam na alma individual. Portanto, se eu presto mais atenção à minha alma e não tanto ao terapeuta, que talvez me ajuda, a alma tem mais possibilidades de soltar-se e de encontrar o caminho adequado para ela..."
(1) Bert Hellinger - O manancial não precisa perguntar pelo caminho (pagina 239)
Traduzido do Espanhol  por:
Marcia Paciornik
Novas constelações familiares, organizacionais e quânticas - São Paulo - Brasil
+5511991388337

terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

A raiva, sob o olhar de Bert Hellinger


Olhando com lupa
Revista Hellinger, Junio 2006. A raiva
A raiva se manifesta de diferentes maneiras, útil ou devastadora, forte ou débil. Aqui apresento alguns destes aspectos sob a lupa.
1. Alguém me ataca ou me causa uma injustiça e reajo em função disto com cólera e raiva. Esta raiva torna possível que me defenda com forças ou que me oponha. Me torna capaz de lidar com a situação, é positiva e me fortalece. Esta raiva tem sentido e por isto tem medida. Se dissolve quando alcança sua meta.

2. Me coloco raivoso e zangado quando me dou conta que não tomei o que teria podido ou tido que tomar, ou que não reclamei o que teria podido ou tido que reclamar, ou que não implorei o que teria podido ou tido que implorar. Ao invés de fazer frente e buscar ou tomar o que me faz falta, me zango e me ponho raivoso com as pessoas das quais não tomei ou reclamei ou implorei quando o teria podido ou tido que fazer.
Esta raiva é um substituto para a ação e a consequência de uma diminuição. Ela me paralisa, me faz sentir inapto e débil e perdura durante muito tempo.
Do mesmo modo, esta rabia atua como defesa contra o amor. Ao invés de exteriorizar meu amor, me volto para os que quero com raiva. Ela se origina na infância, quando surge como consequência de um movimento interrompido. Em situações similares posteriores, traz a recordação do anterior e dele tira sua força.
3. Estou zangado com alguém porque lhe causei algum de dano e não quero admitir. Com esta raiva me protejo dos efeitos da culpa. Os projeto sobre o outro. Esta raiva também é um substituto para a ação. Me paralisa e me enfraquece.
4. Alguém me dá tanto e em quantidade tão grande que não posso devolver. Só me resta o peso disto. Então me defendo do doador de suas dadivas zangando-me com ele. Esta zanga se expressa na forma de reprovações, por exemplo das crianças em relação aos seus pais.
É o substituto para o tomar e agradecer. Nos paralisa e nos deixa vazios.
Ou talvez se manifeste como depressão. A depressão é a outra cara da reprovação. É também um substituto para o tomar, o dar e o agradecer. Nos imobiliza e nos esvazia. Nos mantem, despois de uma separação, em um luto sem terminar, quando ainda nos sentimos em dívida em relação ao dar e tomar, diante dos mortos ou dos que se tenham separado de nos. Pode também que nos sintamos, como na 3ª forma da raiva, presos de nossa culpa e de suas consequências.
5. Alguns sentem uma raiva que pertence a outros, mas que fazem sua.
Um exemplo seria: quando em um grupo um participante reprime sua própria raiva, ao cabo de um tempo outro participante se sente irritado, com frequência o mais fraco, que no fundo não tem motivo para sê-lo.
Na família, o elemento mais fraco é uma criança. Quando uma mãe está zangada com o pai, mas não dá a perceber, quase sempre uma criança se zanga com ele.
O mais fraco não apenas se encarrega da raiva mas também às vezes a raiva o toma como  alvo: quando um subordinado sente ira em relação ao superior sem poder exterioriza-la, a dirige para alguém mais vulnerável.  Ou quando um homem se irrita com sua mulher sem deixar aparecer a miúdo encarrega a seu filho disto.
Não somente se pode transferir a raiva de um indivíduo para outro, como de pai a filho, mas também que o destinatário pode ser um representante do verdadeiro destinatário, isto é, que esse papel é transferido de uma pessoa para outra mais frágil. Da mesma forma que uma filha que se encarrega da raiva de sua mãe em relação ao pai dirige essa raiva contra alguém que ela percebe como mais vulnerável que seu pai, por exemplo, seu próprio marido.
Nos grupos nota-se que a raiva transferida não é dirigida aos responsáveis, como seria o chefe do grupo, mas recai sobre o mais fraco que, assim, assume o papel de bode expiatório dos fortes. Nas transferências de raiva, os atores se situam fora de si mesmos, sendo presunçosos e sentindo-se em seu direito. Mas eles agem a partir de uma fonte de energia que lhes é alheia a e que não lhes permite ter sucesso ou força. As vítimas das transferências sentem-se igualmente presunçosas e em seu direito porque sabem que sofrem uma injustiça. Eles permanecem igualmente sem força e sem sucesso em sua dor.
6. Há raiva que é virtude e coragem.
É uma força de penetração atenta e recolhida, a serviço da miséria e da necessidade que, com ousadia e sabedoria, confronta os poderosos e os que exercem grande peso. No entanto, essa raiva é sem emoção. Se a situação o exige, age causando dano ao outro, sem medo e sem malícia. É pura energia agressiva. É o fruto de longa disciplina e prática e surge, no entanto, sem esforço. É até expressa como a capacidade de negociar estratégicamente.
Tradução do espanhol de Marcia Paciornik

Não permita que a raiva tire sua força e energia para a vida. 

Novas constelações , consultas individuais, em grupo, presenciais e on line. Coaching sistêmico.
+5511991388337

 (1)  Fonte: www.insconsfa.com

sábado, 26 de janeiro de 2019

Bert Hellinger fala de amor, assentimento, destino familiar


O amor é assentimento a tudo tal como é.
De cómo el amor acierta. 2ª parte Extrato HELLINGER EN LONDRES 2008,
Ver 1ªparte (1) 
“...Uma das compreensões fundamentais neste novo modo de trabalhar é a seguinte: o segredo do amor é o assentimento a tudo tal como é. O problema em uma relação de casal começa quando um quer mudar o outro. Faremos um exercício.
Fechem os olhos.
Olhem seu cônjuge tal como ele é. Talvez não o/a tenha visto ainda até agora, tal como ele ou ela é porque tenha uma certa imagem dela/e ou por que o/a julgas!
Olhe para ele/a agora e lhe diga: ”sim, te tomo tal como é, exatamente como é”.
O que ocorre se agora vosso/a cônjuge lhe diz: “te amo tal como es, exatamente como es”? De repente, os dois podem relaxar, sentem-se em segurança um com o outro, porque se sentem respeitados tal como são. Isto é amor, assentindo ao outro tal como é, e por certo assentindo a si mesmo/a tal como um é.
Logo vem o passo seguinte. Diga a vosso/a cônjuge:  “quero a tua mãe tal como é e quero a teu pai tal como é. Você é como é porque teu pai e tua mãe são como são. Dou a eles um lugar em meu coração. ” Então, o outro pode se relaxar ainda mais. Não precisa ocultar nada de sua família, sabe que sua família é bem-vinda.
Existe uma dificuldade inerente a isto. Ambos se originam de famílias diferentes, com um código de valores diferente, com uma consciência diferente. A consciência nos prende a nossa família de maneira que sabemos instintivamente o que devemos fazer para conservar o direito ao pertencimento. Se de alguma forma nos desviamos do pensar, das crenças e dos valores de nossa família, sentimos má consciência. Ao conhecer a esta persona, o/a cônjuge, nascida em outra família, devemos fazer lugar em nossa consciência para outros valores. Ao mesmo tempo, devemos reconhecer que a família do parceiro/a é de valor idêntico à nossa. Portanto, temos que expandir nossa consciência de modo a dar lugar para o/a cônjuge e sua família.
Se não podemos mudar, se nos aferramos à nossa consciência, convencidos de que tem mais valor que a do/a parceiro/a, então estamos expostos a problemas. Aqueles que são conscienciosos são crianças e permanecem crianças, os adultos sabem como pecar. Só os pecadores são adultos. As pessoas inocentes permanecem crianças. Pecar não significa que fazem algo mal, mas sim que se desviam da consciência de sua família por algo maior e mais universal.
A prova de que sim somos capazes de crescer nos vem ao ter filhos, ao decidir como educa-los. A mulher diz...segundo os valores de minha família, o homem diz: segundo os valores da minha família. Geralmente a mulher prevalece. É uma observação, sem julgamentos! Qual é o resultado? Mais tarde, os filhos seguem ao pai. Porque os filhos são leais a ambos os pais. Se um dos pais prevalece sobre o outro, o filho segue em segredo ao outro.
Por isto, os papais têm tanta influência em nossa sociedade! (Risos). Porque com frequência são rejeitados, da mesma forma que seus valores.
Volto ao tema da educação. O homem e a mulher entram em acordo para que os valores de ambas as famílias sejam igualmente importantes. Assim, os filhos podem seguir ao seu pai e à sua mãe.
Existe uma linda frase que deixa felizes aos filhos. A mãe diz “quando olho para você vejo seu pai, e amo em você teu pai como ele é e fico feliz se você se tornar como ele. ”
Não é tão fácil dize-lo não é mesmo? O pai também olha à criança e diz: “quando olho para você, vejo em você a sua mãe e quero em você a tua mãe, e fico feliz se torna como ela. ”
Isto é amor. E mais, isto é liberdade. A partir daí a criança está livre para seguir seu próprio caminho.
Assim pois, para começar assentimos a/ao nosso/a cônjuge tal como e. Desde logo, uma relação se inicia porque o homem sente falta da mulher, e a mulher homem sente falta da mulher do homem. Se sentem incompletos. Necessitam do outro para serem completos. Algumas pessoas, não obstante, procuram o/a parceiro/a ideal. Qual é o/a parceiro/a ideal? Pois, aquela que é idêntica a mim. Portanto, com o/a parceiro/a ideal, no existe crescimento possível. Tudo se repete. Por isto, depois de um tempo, o casal se separa.
Agora bem, se o outro é diferente, necessariamente diferente, ambos crescem, integrando o que não tem. Isto é o crescimento: tomando mais, e mais, e mais o que um não tem. Assim crescemos em uma relação de casal. Outro dia, Sophie fez uma observação. Em alemão, existem livros muito respeitáveis sobre espiritualidade. Ela disse: “Foram todos escritos por homens, e estes homens não tem mulher. O que sabem de espiritualidade? Não tiveram que provar seu crescimento pessoal. ” Imaginem se o Dalai Lama ou o Papa tivessem uma mulher. Não seria bonito? Não seriam capazes de dizer mais do que dizem agora e com outra experiência?  
Isto seria a primeira coisa em uma relação, assentir ao outro tal como é. E cada um assente à família do outro, tal como es. Isto não é tão fácil porque o casal e compromete em uma tarefa comum, que será o filho. É uma tarefa comum de magnitude, ao serviço da vida. Seu compromisso lhes permite se sentir de certa forma realizados.
Mais tarde, pode surgir outra coisa em uma relação de casal. O homem pode se sentir levado em outra direção, e a mulher pode sentir o mesmo. Para crescer e conseguir sua realização pessoal, cada um segue seu caminho. Isto pode leva-los a uma separação. Se ambos assentem a isto, podem se separar com amor, em concordância com a possibilidade de cada um atingir a sua realização. Há uma frase que se podem dizer mutuamente: “te amo e amo tudo o que é teu destino e ao meu. Assinto ao teu destino e ao meu. Assinto a teu destino e a tua realização, e assinto a meu destino e a minha realização. ”
Assim, separados, permanecem conectados por um amor profundo.
Às vezes, um homem diz à mulher: “tens que me ser fiel, não podes seguir teu caminho. ” O resta então do amor inicial? Nada. Se um dos dois quer seguir seu caminho, sentindo que é o importante, e se o outro se opõe a isto, pode dizer-lhe: “meu destino vem primeiro. ” E obriga ao outro a mudar. Se o outro não muda, não deve sacrificar sua própria vida. É necessário considerar isso também.
Existem situações nas quais a relação de casal nas quais a mulher está impulsionada a seguir a alguém de seu sistema, especialmente se, de criança, tiver dito a seus pais: “morro em teu lugar. ” Mais tarde, persiste no mesmo movimento, e de repente o homem vê que sua mulher é levada naquela direção. Ele não o pode impedir, deve assentir a isto. Assim vemos que os destinos da família interferem de modo decisivo na relação de casal. ”...
 Tradução Marcia Paciornik
       (1)    Fonte: https://insconsfa.com/

quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

Um olhar de Bert Hellinger sobre os ataques de pânico e a epilepsia.


Um olhar de Bert Hellinger sobre os ataques de pânico e a epilepsia.

Extrato de De cómo el amor acierta. 2ª parte

HELLINGER EN LONDRES 2008, Ver 1ªparte (1)
“...Quando há ataques de pânico, é sempre o mesmo padrão. Os ataques são uma defesa contra os impulsos assassinos. Então, não tratem o pânico, tratem a agressão que há por trás dele. Existe outra defesa contra os impulsos assassinos: a epilepsia. Quando crianças têm ataques epilépticos, claro que outra pessoa na família tem impulsos assassinos. A criança se encarrega deste impulso. Portanto, não tratamos uma criança por sua epilepsia, mas configuramos e procuramos quem tem o impulso assassino. Quando faço este exercício e a pessoa diz “te mato”, percebe que não é ela mesma que o diz. Mas, neste caso, você é quem tinha o impulso. O caminho é: olhar a mãe. Às vezes, existem situações nas quais algo aconteceu na família. A primeira vez que eu observei foi no Japão, uma mulher disse que desejava a morte de sua mãe. Não trabalho com uma pessoa que tem este impulso. Aqui também, não continuarei trabalhando com ela. As deixo com seu destino. Ali, no Japão, me esqueci desta mulher. Esta é minha proteção, esqueço às pessoas. É um exercício espiritual, o poder esquecer. Dez minutos antes do final do seminário, esta mulher me procurou e me pediu que trabalhasse com ela. Fizemos uma constelação, mas sem resultado. Então, H.H. que me acompanhava como cameraman, disse: temos que colocar uma fila de ancestrais. O fizemos, a cliente e na sua frente sua mãe, atrás dela a avó e assim oito gerações.  Quando a mãe se virou em direção à sua mãe não tinha conexão, a avó em direção a mãe dela tampouco tinha conexão... até a oitava geração. Esta última olhava para o chão. Coloquei uma pessoa no chão, a vítima.  Então, a cliente se arrastou em direção à vítima e a abraçou com profundo amor. Então, a mãe da vítima pode olhar para sua filha e se conectar, logo a filha com sua filha e assim em oito gerações.  Finalmente, a cliente se acercou de sua mãe, abraçou suas pernas olhando-a e dizendo: querida mamãe. Este é o fundo sistêmico daquela situação. Creio que o que conto os ajuda a entender...mas para ela não serviu de nada...agora farei um exercício para mim, porque nos movimentamos no âmbito da alma. Olho mais além, mas além dela, de sua mãe das pessoas que têm ataque de pânico em sua família. Olho em direção ao espírito e digo: por favor.
A epilepsia em crianças se cura com facilidade, não a porque assustados. Coloco um representante da criança, lhe peço para fechar os punhos e manifestar agressão (gritos etc.). Rapidamente, a criança se dá conta de que estas não são suas sensações, mas as de outra pessoa. Desta maneira, fica claro que se encarrega por amor a alguém.
Se isto vem a luz, a epilepsia termina. É uma defesa contra o impulso assassino, não da própria pessoa, mas de outra, na maioria dos casos. Pode voltar a várias gerações, distante atrás. Se isto vem a luz, a epilepsia da criança desaparece. Muito fácil de curar se se conhece esta dinâmica. Se um adulto se torna epiléptico, ele mesmo tem o impulso agressor, e se defende do impulso com a epilepsia...”
Tradução do espanhol de Marcia Paciornik