sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Relato de um caso

R. R . (Homem com idade na faixa de 60 anos, casado, no terceiro casamento, com vários filhos e netos). 
Indicado por um dos filhos o cliente marcou uma consulta individual. No dia marcado, chegou adiantado, ansioso, falando muito, inquieto...
Conversarmos alguns minutos para delimitar e definir com clareza seus seus objetivos e dificuldades e esclarecer a forma de trabalho.
Orientei que ele focar principalmente em questões que afetassem, bloqueassem ou dificultassem a vida atual.
Ele relatou dificuldades de relacionamento com a mãe, financeiras, de trabalho, com a esposa atual, com os filhos, com a ex-esposa, muita ansiedade, raiva, nervosismo, inquietação e impaciência.
Perguntei qual a questão ele gostaria de olhar primeiro e internamente veio que teríamos que olhar a relação dele com a mãe. Com o que ele concordou. Esclareceu que seu relacionamento com a mãe sempre fora muito difícil, tenso com muito ressentimento e  agressividade mutua. O fato de ela estar com quase 90 anos , adoentada e ele estar hospedado na casa dela fazia desta uma questão de fato prioritária.
Conversamos um pouco sobre as ordens do amor, expliquei de forma sucinta como, devido a estas leis naturais, cabe aos filhos tomar os pais incondicionalmente como são. Apenas desta forma os filhos conseguem se abrir para o fluxo de receber o amor e as benesses da vida (o êxito, a abundancia, a realização, a saúde, o amor, o relacionamento afetivo...).(1)
Na constelação que realizamos a a representante da mãe olhava apenas para o chão com os olhos cerrados (indicando que ela não estava disponível mas emaranhada a mortos do sistema familiar) o representante do cliente tinha os punhos cerrados e não olhava para um ponto situado ao lado da mãe também no chão (indicando que também o filho estava preso ao passado) Em resumo nem a mãe nem o filho estavam disponíveis para a vida ou para um relacionamento como mãe e filho. 
Após esta primeira sessão ele relatou que ao chegar na casa da mãe ela havia reagido de forma completamente diferente com ele. E ele também se sentia diferente em relação a ela. A animosidade havia diminuído consideravelmente. Ambos conseguiam se relacionar de forma mais harmoniosa.
Alguns dias depois o convidei para participar de um workshop de constelações em grupo. Durante a rodada inicial de apresentação inicial na qual cada participante se apresenta e fala um pouco sobre si (se assim o desejar) ele após se apresentar falou que havia se surpreendido com o resultado já obtido e disse: “Minha surpresa foi tanta que eu me perguntei que mágica é esta”?
Confesso que após ter assistido a muitas transformações como resultado de constelações eu mesma, às vezes, ainda me faço esta pergunta. A única diferença é que sei que não se trata de mágica, mas algo perfeitamente explicável e aplicável segundo as leis sistêmicas e às ordens naturais ou leis do amor descritas por Bert Hellinger.
Realizamos um total de seis consultas individuais e duas constelações em grupo. Foram olhadas questões relacionadas com o pai, dificuldades no relacionamento com os filhos,  com a ex- esposa, com a esposa atual, no trabalho, impaciência, raiva e ansiedade. 
Em uma consulta de avaliação realizada após três meses ele relatou melhoras significativas no relacionamento com a ex-esposa, com três dos filhos com os quais não se relacionava, em relação ao trabalho. 
A esposa que estava presente, relatou melhoras significativas no relacionamento logo no inicio e depois uma gradativa piora. A relação com a mãe, apesar de melhor, ainda apresentava dificuldades. Perguntei se gostariam de olhar para estas questões e com a sua concordância realizamos alguns movimentos.
Em uma avaliação realizada dois anos depois da primeira consulta as mudanças relatadas foram: melhora significativa no relacionamento com a atual esposa, um relacionamento mais harmonioso com a mãe, menos raiva e impaciência, voltou a se relacionar com dois dos filhos dos quais estava afastado, tinha voltado a estabelecer um relacionamento harmonioso com a ex-esposa e mãe de seus filhos com a qual não falava e estava trabalhando.


Marcia Paciornik. 
Maestria em Novas Constelações
Orientação e alinhamento sistêmico. Novas constelações familiares, quânticas e empresariais.
Atendimento individual e em grupo, presencial e on line.
+55 11 991388-8337 


(1) Los padres dan la vida, los hijos la toman, incondicionalmente. Así toman incondicionalmente a sus padres. Después el hijo toma también incondicionalmente todo lo que los padres dan además de dar la vida: la herencia familiar, lo que los padres hicieron con esta herencia y lo que lograron ser y hacer con esta misma herencia, y, todo lo que hicieron para el hijo/a. El hijo honra el regalo tomado: a la vida y todo lo que le acompaña. La familia es una comunidad de destino: todo lo que afecta a uno afecta a todos. El respeto de los órdenes del amor permitirá la compensación de las desgracias, pero existe un orden arcaico, él del amor ciego e infantil, del pensamiento mágico del bebé que hace que los pequeños digan inconscientemente a sus mayores “yo como tú”, “te sigo en la enfermedad, en la muerte, en la desgracia, etc”, “mejor que sea yo que tú”, “yo antes que tú. Lo dicen por amor arcaico, infantil, arrogándose el destino de sus mayores. Lo que sólo puede atraer más des-gracia, pues las consecuencias sistémicas del desorden, de la arrogación o usurpación de destino son siempre muy severas. La frase liberadora es “Tú por ti, yo por mí”. Brigitte Champetier de Ribes
(2) Tudo é sistêmico. Não existe destino individual. E tudo afeta todos no passado, presente e no futuro. Temos a responsabilidade individual da nossa vida, mas nossa vida está a serviço de algo maior, de sua espécie. O Sistema familiar é composto de todos os membros das varias gerações anteriores à nossa. Os Sistemas familiares são submetidos às três forças das ordens do amor e para reequilibrar o que ficou desequilibrado no passado utilizam os membros mais jovens do sistema. Os sistemas são submetidos também à memória dos campos morfogenéticos. Isto significa que tudo vai ser vivido como foi vivido no passado. Os vínculos dos mais jovens com os mais velhos se originam nas tragédias, nos traumas, nos danos não assumidos nas exclusões enfim nas “desordens”. Estes vínculos são chamados de lealdades, emaranhamentos ou intrincações. Correspondem a um mecanismo conhecido como “compensação arcaica”. Um feto, desde que é concebido, se vincula a algo que precisa ser ordenado do seu sistema familiar. Na compensação arcaica identificam-se duas dinâmicas: Ou o feto diz a um ancestral (inconscientemente): Eu como você ou eu por você; Eu levarei por você, eu pagarei por você eu sofrerei como você, eu matarei por você, eu me vingarei por você... ou um ancestral diz ao seu descendente: você por mim ou como eu (na culpa, na dor...). O feto por amor se enreda neste passado e aceita o encargo. No seu amor infantil ele não consegue dizer NÃO. Quando estamos no estado adulto podemos dizer SIM ao que nos cabe. O campo nos pede que soltemos o sofrimento. Quando crescemos transformamos o vitimismo em rebeldia. A consciência familiar nos pede para soltar o vitimismo para nos transformar em adultos. Para amar o que existe. Com isto começamos o processo de cura. Quando estamos na compensação arcaica ficamos presos à ressonância de campos de informação que registram todo o passado da espécie e dos sistemas familiares ao qual não podemos escapar. Apenas imitamos a informação. Sair da compensação arcaica é escolher a vida. A consciência familiar mistura a consciência familiar e o campo de imitação por ressonância. Quando estamos na compensação adulta podemos ter consciência desta atração e “prisão”. As nossas grandes decisões vão estar sempre a serviço do Sistema familiar. Nossa liberdade está limitada a isto. Ou fluímos aceitando, ou não. Dizer sim ou não é nossa única liberdade. Pela comunidade de destino tudo que afeta a um, afeta a todos. Se alguém se libera cura o que está atrás ou agrava. O sistema utiliza as crenças como metáfora do que é importante para a pessoa. As decisões importantes que tomamos são eco de algo anterior. Tudo é espelho de desordens anteriores: não ter família, bloqueios, doenças, dificuldades no trabalho, perdas financeiras etc. O QUE CAUSA DESORDENS NOS SISTEMAS? (o coloca em perigo a coesão?)  1      -      Em primeiro lugar, Excluir, rejeitar, esquecer, desprezar. Isto não é tolerado. Não importa o que a pessoa tenha feito todos têm direito de pertencer. Os sistemas são amorais. Quando excluímos colocamos a coesão do sistema em desordem e obrigamos aos menores (alguém vivo) a substituir aos excluídos. Estes são tomados ao serviço das forças sistêmicas vivendo a exclusão, a doença, o fracasso, e, por sua vez excluindo. 2      -      Ocupar o lugar de outra pessoa. Excluir obriga a ocupar o lugar de outra pessoa. A substituir ao excluído. A exclusão provoca desordens em cadeia. 3      -      Não terminar algo: ou seja, não terminar o ciclo de uma experiência. Isto ocorre por que tudo é polar: se causo dano, tenho que reparar se perco alguém, tenho que me despedir... Comportamentos repetitivos muitas vezes são um sinal de que uma pessoa esta vivenciando algo que algum ancestral não terminou de viver. Em cada geração um dos mais jovens terá que compensar até que tudo se coloque em ordem. Os pequenos estão a serviço das forças de coesão e vão receber “problemas espelhos” de desordens anteriores. Fonte: Curso “Sistemica”  do Instituto de Constelaciones Familiares Brigitte Champetier des Ribes.
(3) Quiero decir algo acerca del vínculo. Muchas desgracias tienen sus raíces en el vínculo. El niño está profundamente vinculado con su familia. Y no sólo se refiere a los padres y hermanos, sino también a los ancestros. Dado que a través del vínculo comparte el alma familiar, también participa de los destinos de esa familia. Considera que demuestra su amor compartiendo esos destinos. Es decir, que si alguien en esa familia fue asesinado, considera que demuenstra su amor por la víctima muriendo también, quizás. O si el padre se suicidó considera que el amor le pide que muera temprano, igual que él. Yo a eso lo denomino la dinámica de: "Yo te sigo". O si el niño ve que uno de los padres quiere morir dice: "Yo lo hago en tu lugar". De esa manera a través del amor y a través del vínculo continúa la desgracia. BERT HELLINGER