E notem, fazemos isto o tempo todo, sem sequer nos dar conta. É instintivo. É uma necessidade ditada pela nossa necessidade de pertencer, (1) de fazer parte de um mesmo grupo, de uma cultura, de uma família (com as normas, valores e regras que acreditamos serem os mais certos, os únicos verdadeiros).
Não nos damos conta de que, quando rotulamos alguém (corrupto, violento, ladra, abusador, ignorante, judeu, fanático), estamos sendo violentos! (2) Mesmo quando nos julgamos defensores da paz, da não violência. E o pior é que nos sentimos "bons," "corretos," "certos," plenamente justificados em nosso comportamento.
E é normal que seja assim. Estamos defendendo nosso direito de continuar "pertencendo" ao nosso grupo familiar, politico ou qualquer outro que seja que desejamos fazer parte, a "cultura" que consideramos boa e correta.
Não nos damos conta que esta forma de olhar para o outro cria mal estar interno em nós mesmos, no outro e ao nosso redor.
Se prestarmos a atenção vamos perceber que algo muda em nosso corpo quando, ao percorremos as redes sociais ou assistindo um noticiário, nos deparamos com algo que, segundo nossos valores, é incorreto, agressivo, injusto, desrespeitoso, desonesto ou falso. Nosso corpo vai tensionar, enrijecer, o coração se tornar mais pesado. A mandíbula ou as mãos podem se contrair. O coração ficar mais "pesado." É sutil, mas vai ocorrer.
Isto ocorre porque somos seres vibrantes e ressonantes e a forma como vemos o outro altera a nossa vibração interna e repercute nos que estão à nossa volta. E assim, sem mesmo desejar, estamos contribuindo para o crescimento do mal estar coletivo, para o aumento da agressividade e da violência no planeta.
Quando só vemos algo ruim de alguém, de uma situação, de um grupo "estamos sendo violentos." sem nos dar conta e contribuindo para aumentar a violência ao nosso redor.
O importante é saber que não precisa mais ser assim. Com o conhecimento que temos hoje sobre a necessidade de pertencer podemos escolher conscientemente começar a atuar de outra maneira.
Reconhecer que todos têm o mesmo direito de pertencer e cada um de nós tem um propósito, está a serviço de algo na evolução do planeta e da humanidade. Mesmo que não saibamos qual, mesmo que nos seja difícil aceitar ou até mesmo que julguemos nocivo.
Vamos nos sentir culpados mas vai valer a pena.
Hellinger nos ensina que não há crescimento sem culpa! A escolha é nossa: continuar alimentando os campos de consciencia da exclusão, da intolerância, da violência ou crescer e resgatar nossa humanidade.
Marcia Paciornik
Constelações Familiares e Quânticas (individual, on line) e Movimentos Essenciais (encontros inviduais, on line, para aprendizado e prática).
(1) Bert Hellinger trouxe à luz, a partir de suas observações, que diversas forças atuam sobre nós e que estamos sob a influência das necessidades de duas "consciências: a "grupal," que atua para garantir o crescimento, sobrevivência e coesão dos sistemas, se "impondo" sobre os seus membros, e a "pessoal," que tem como uma de suas necessidade o pertencimento. Para esta consciencia só nos sentimos com direito a pertencer quando seguimos fielmente as regras, normas e valores da nossa família e da nossa cultura.
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