“A região onde fica o chamado ponto Hara
- entre três e quatro dedos abaixo do umbigo - representa o centro de gravidade
do corpo e também um reservatório de vitalidade, vigor e criatividade.
Desenvolver a consciência dessa parte do corpo, ativá-la e harmonizá-la nos
ajuda a ficar centrados e a encontrar o equilíbrio para viver de maneira mais
positiva.
“Concentrar a atenção nesse ponto nos coloca
no eixo e proporciona estabilidade física e emocional, permitindo a “unidade do
homem consigo mesmo”. Esse poder estabilizador faz da ligação com o hara um dos
pilares fundamentais na meditação e nas artes marciais orientais, como tai chi
chuan e aikido, por exemplo, em que são necessários concentração e
autocontrole.”
Segundo a
medicina chinesa, o lugar do
hara no corpo está relacionado ao elemento terra. É como se fosse nosso chão,
onde encontramos segurança e estabilidade. Uma pessoa centrada no hara parece
plantada no solo, como uma árvore sólida. No metrô de Tóquio, você vê os
japoneses com os olhos semicerrados e pés bem firmes no chão. Eles não estão
cochilando, mas se concentrando no hara, ganhando força e vitalidade para
enfrentar mais um dia de trabalho. Por essa associação com a terra, o
fortalecimento do hara proporciona a sensação de enraizamento.
Para quem se
sente desvitalizado - portanto, com a energia do hara enfraquecida -,
professores de tai chi chuan sugerem mexer com a terra, moldando argila,
cuidando das plantas ou simplesmente pisando na lama. Estar em contato com o
solo fortifica, revitaliza.
Assim como a
terra, o hara é uma fonte de fertilidade. Quem tem ele desenvolvido se
relaciona de maneira produtiva com pessoas e o meio ambiente: seus
relacionamentos florescem, os projetos frutificam. Bem equilibrado, o hara nos
torna calmos, produtivos e criativos. Quando está desvitalizado, nos
sentimos ansiosos, vulneráveis e instáveis.
Quem aprende
a se concentrar nesse ponto descobre uma âncora para o dia-a-dia. Existem
massagens e exercícios que ativam e fortalecem a região. Meditar sentado,
colocando a atenção na região do ventre, também é uma forma de estimulação do
local.
Durante as caminhadas, por exemplo, você também pode se concentrar nesse
ponto do abdômen sempre que se sentir disperso ou desvitalizado. Dança do
ventre ou artes marciais, praticadas regularmente, também ajudam a fortalecer
esse centro vital.
Hara significa literalmente
"barriga". É na região abdominal onde o Ki se
acumula, mas o ponto central de onde esta energia flui para todo o corpo é
conhecido por Tanden (em japonês) ou Tan t'ien (em chinês), que significa literalmente
"área vermelha", um ponto 6cm (três dedos) atrás e
abaixo do umbigo. É nesse ponto que os praticantes de Kempô/Karatê ou do Tai
Chi Chuan se concentram quando fazem as suas técnicas.
É fechando o períneo e contraindo
o cócix que se fecha um circuito de energia (para não deixá-la escapar, nas
meditações Taoístas) e assim unir os canais ímpares Jen Mu e Tu Mu, fazendo assim
a órbita Microcósmica no interior do corpo. Sendo estes dois canais
intensificados (energizados) os demais meridianos são também intensificados (os
dois canais ímpares influem nos outros canais pares, na acupuntura).
Uma outra técnica que todos podem
fazer diariamente para aumentar gradativamente o Ki é o Resshu Gamae, uma técnica de centralização de energia. Com
os joelhos levemente flexionados, posicionar os braços e mãos como se estivesse
abraçando o tronco de uma grande árvore. As palmas das mãos espalmadas, viradas
para dentro, e os dedos apontam um para o outro, sem se tocar.
Comece fazendo isso por 5 minutos ao dia, por 15 dias.
Depois passe para 10 min. ao dia por mais 15 dias, e depois 20 min. por mais 15
dias (ufa!). Depois disso você já pode sair por aí soltando Hadouken, Leigan,
etc.
Professores budistas orientam seus estudantes a centrar
suas mentes no Tanden, que ajuda a manter sob controle os pensamentos e as
emoções. "Atuar a partir do Tanden" no budismo é o equivalente ao
estado de Samadhi.