Sobre guerras civis e
similares, outras áreas de aplicação do método sistêmico (1)
P- O que acontece quando
as pessoas se veem envolvidas em guerras civis ou situações similares?
R -Uma observação recente que fiz
nas constelações familiares, e que pode ter efeitos em eventos históricos muito
duros, é permitir que as vítimas mortas e os perpetradores mortos se enfrentem
uns aos outros – e nas constelações familiares podemos configurar uma maneira na
qual isto seja possível– então não se necessita nenhuma intervenção externa. Haverá
um movimento que os levará a juntar-se entre todos, e tudo o que era
considerado injusto por parte dos vivos, o que requer expiação, não se aplica aos
mortos. Eles se reúnem a um nível em que são realmente um.
Vimos estas dinâmicas nas
constelações configuradas em nossos seminários recentes na Espanha, Brasil e no
que acabamos de finalizar em Santiago de Chile. Também na Argentina, em relação
com as chamadas “Mães da Praça de Maio”. Em Santiago, você viu a constelação
configurada para a filha de um dirigente sindical que “desapareceu”. Logo que
ela disse que os desaparecidos ou mortos como seu irmão haviam sido mais de
1.500, lhe pedi que escolhesse um representante para seu pai e a cinco homens
para representar a todas as vitimas e a um representante para o chefe dos
perpetradores.
Então situei cada grupo em um
semicírculo um grupo enfrentando ao outro, e vimos, sem que nós disséssemos uma
palavra, quanta dor ha entre as vitimas desaparecidas e assassinadas, e o movimento
–que durou uns vinte minutos- que os levou em direção aos seus perpetradores, a
enfrenta-los e depois a tombar no solo e ficarem estendidos entremesclados junto
com os perpetradores também estendidos, todos mortos em paz. O último movimento
foi notável já que o chefe dos perpetradores, uma vez estendido no solo, se moveu
e se colocou com seus pés tocando os do líder das vitimas, e aí permaneceu
quieto em paz.
Em situações coletivas nas quais
ocorreram implicações sistêmicas graves que incorrem em uma culpa e um
sofrimento muito grandes, o trabalho com Constelações pode ser um veiculo muito
comovedor e uma ferramenta poderosa para a mudança em direção a uma reconciliação.
P-Em que outras áreas se
podem aplicar seu método sistêmico?
R- Existe agora uma tendencia para
que estendamos o campo em um sentido mais amplo que o da psicoterapia para
incluir muitas outras áreas, porque parece que nelas o que chamo as ordens do
amor –que levam a enredamentos - podem ser aplicadas de maneira que conduzam a
encontrar soluções. Como por exemplo no trabalho que temos realizado em presídios.
Estivemos em Londres o ano passado
e trabalhamos em três presídios; foi muito surpreendente ver que o trabalho foi recebido de forma muito positiva pelos presos. Na Alemanha ha agora investigações
sobre como aplicar este trabalho nos presídios. Minha sugestão foi que primeiro trabalhássemos com os assassinos e suas vitimas, porque este parece ser o caso
extremo e mostra as leis de maneira mais clara. Penso que se podemos obter deles
formas de resolver estes assuntos difíceis, então se pode estender o trabalho
com maior facilidade em direção a outros campos.
Outro campo são os colégios. Os professores podem fazer isto, aplica-lo sem ser psicoterapeutas. O no trabalho social se pode aplicar facilmente. E para encontrar soluções para as
dificuldades relacionais também, nas organizações de todo tipo, como o fizemos na
oficina com empresários e executivos de empresas, aqui em Santiago no 2 de
setembro. Assim que queremos ir mais alem do âmbito da psicoterapia e aplicar o
método em uma área mais ampla. E penso
que isto está muito em harmonia com o que você quer obter.
P-Vi que uma Terceira Conferencia Internacional sobre Constelações
Familiares vai acontecer na Alemanha em maio do ano 2001. Qual vai a ser seu
foco principal?
R- Seu foco principal vai a ser as
perspectivas de solução em conflitos étnicos. Conflitos nas famílias e nas comunidades
causadas por diferenças de religião, cultura e história compartilhada; suas consequências no inconsciente do individuo, a família e a nação; a transmissão transgeneracional
destas consequências; tentativas de solução que podem promover o estabelecimento
de uma ponte entre as decisões políticas e as terapêuticas. Estes aspectos serão
explorados exaustivamente através de apresentações e oficinas.
Desde distintas nações se apresentarão
projetos “psico-políticos” que provaram ser exitosos.
Humberto del Pozo: Obrigado, querido profesor, pela oportunidad de uma conversa tão comovente
e enriquecedora.
Bert Hellinger: Foram boas perguntas... me vi forçado a revelar muitos segredos. Foi um prazer.
Tradução Marcia Paciornik
(1) fonte : www.insconsfa.com
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